quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

No Brasil, crianças preferem comida a presente, diz jornal


Uma reportagem do jornal francês Le Fígaro afirma que comida – e não os tradicionais brinquedos – ocupam o topo da lista de desejos das crianças brasileiras neste Natal.

O artigo, relata a experiência da chamada Operação Papai Noel, em que os Correios expuseram em suas agências uma parte das dezenas de milhares de cartas enviadas todos os anos por crianças e endereçadas ao 'bom velhinho'.

"O projeto desencadeou o entusiasmo da classe média, que já se via oferecendo bonecas e automóveis em miniatura às crianças desfavorecidas", escreve a correspondente do jornal.

"A abertura das cartas revelou uma realidade bem mais triste: a maioria (das crianças) não pede brinquedos ao Papai Noel, mas alimentos. No Estado de Pernambuco, este é o caso de 60% das 11 mil cartas recebidas. As crianças desejam receber bolos, queijo, peru. Geralmente, querem apenas uma cesta básica."

A reportagem transcreve trechos de cartas de crianças e pais – muitos dos quais assinam as cartas – que pedem alimentos, vestimentas e utilidades, como carrinhos de bebê.

Para o Figaro, as cartas "têm um efeito ainda mais chocante porque o consumo explodiu neste fim de ano no Brasil. Tirando proveito de um crescimento que deve superar os 5% neste ano, e de crédito fácil, a classe média se lançou às lojas, que conhecem os seus melhores resultados em onze anos".

"Apesar de uma ligeira melhoria, o Brasil exibe um mais dos elevados índices de desigualdade do mundo. A operação 'Papai Noel' demonstra que o programa de subsídios sociais instaurado pelo governo Lula não é suficiente nem para reduzir os desvios estruturais, nem para erradicar a fome."

Este artigo mostra a triste realidade que estamos vivendo. Não é só em Pernambuco, aqui no RS também foi assim. Há dois anos , já participamos no meu trabalho, das escolhas das cartinhas do correio. O maior pedido foi o de itens para uma ceia de Natal . Quando ainda se trabalha com crianças PNEEs podemos observar o quanto estamos carentes de políticas públicas que possibilitem uma melhor qualidade de vida para todos. Pois imagine morar num bairro sem calçamento, com esgoto a céu aberto e precisar levar uma criança com cadeira de rodas para os atendimentos terapêuticos...

Até quando continuaremos esperando que as coisas melhorem?

Como lidar com esta sensação de total impotência?




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