sábado, 4 de agosto de 2012

Finalmente a formatura

 1998 nosso primeiro encontro na escola Samuel Dietschi
3 de Agosto de 2012 Formatura na Universidade Feevale

Ontem foi uma emoção indescritível poder assistir a formatura do Guilherme Finotti. Lembrei-me do primeiro dia aos 6 anos quando iniciamos e agora todo o processo de inclusão. Aí o grande questionamento:
Por que dos mais 100 alunos que trabalhei  só o Gui chegou até uma graduação?
Fiquei pensando e concluí algumas coisas que são importantes e precisam ser levadas em conta,  ao se acompanhar o processo todo.
1º) Mérito dos pais,  foram pessoas que sempre buscaram o melhor para o filho e jamais o super protegeram.
2º) A escola inclusiva, Samuel Dietchi,  com uma direção da professora Lígia Fleck, que realmente fez a inclusão em todos os momentos e lutou por isso.
3º) A primeira professora, ela não tinha graduação superior completa, finalizou há uns dois anos. Em sua classe tinha 2 crianças com Síndrome de Down, um cego e o Gui com Paralisia cerebral. Chegava mais cedo para aprender a mexer no computador, naquela época poucas pessoas tinham em casa, para preparar o material dele e o de outro aluno em Braille. A melhor professora que conheci até hoje, seu nome é Zeloi e ainda exerce o magistério no Município de Novo Hamburgo.
4º) Quando chegou a sétima séria ele foi para uma escola particular a Feevale e quem trabalhava lá como coordenadora pedagógica? A Lígia Fleck a mesma ex-diretora.Lembro-me com muita emoção quando fui conversar com a turma e explicar o que era a paralisia cerebral. Posteriormente conversei com os pais que foram bem relutantes, mas que logo cederam ao conhecerem o Gui.
5º) Depois a luta para fazer o ENEM, e ele tirou o 9º lugar. Alguém conhece uma pessoa que tenha ido tão bem? Mais um desafio sempre com sérias incomodações e finalizando no Ministério Público.
6º) O vestibular foi coroado de êxito.
7º ) Na Universidade  Feevale foi muito tranquilo o decorrer do curso, o relacionamento com professores e colegas e  ele sempre esteve entre os 3 melhores alunos.
Ao longo de todos os anos de acompanhamento houve uma completa interação entre a fisioterapeuta, Maria Bernardete Martins, a psicóloga Maria Lucia Langone, os médicos, a fono e os profissionais que queriam que tudo desse certo e que acreditam na inclusão.
Aqui é uma reflexão muito resumida, mas ninguém faz a inclusão sozinho, precisa de muitas pessoas que queiram se apropriar do processo de aprendizagem do aluno e do tempo dele. Aí é necessário mexer em muitas coisas como o formato da escola, os cursos de licenciatura, a formação integral, poderia ficar escrevendo milhares de itens aqui mas muita coisa será necessária para que a inclusão seja realidade e que casos como o do Gui  sejam mais vistos com naturalidade. E o mercado de trabalho? Muito trabalho e pesquisa pela frente...

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns para ele, para você, aos profissionais... mas de que valeu tudo isto? Ele se quer conseguia abrir uma conta em banco, sem falar em empregabilidade...(beleza de inclusão essa, né!?). Você é inteligente, já sabe quem está escrevendo isto. Eu acho uma baita farsa esta inclusão dele e de alguns outros que seguém o padrão... Tenho um senso crítico muito forte, talvez não seja tão inteligente quanto ele, mas com certeza sou mais dinâmico, astuto e perspicaz. Talvez ainda dê tempo de fazer algum curso. Se fizer, farei no absoluto anonimato, sem holofotes, sem rotulos. Todavia não compactuo com esta falsa inclusão que pregam por ai. Sucesso ai em portugal.

Andressa Fassbinder dos Santos disse...

Há poucos dias assisti uma emocionante reportagem, em canal aberto de televisão, sobre alguns jovens deficientes que cursavam faculdade, sendo que em um desses magnifícos exemplos era de um jovem que frequentava as aulas com seu pai. Infelizmente, não me recordo sobre o curso que fazia, mas o exemplo do pai que largou seu trabalho para acompanhar seu filho as aulas e na formatura recebeu uma lindissíma homenagem dos demais formandos, deixou-me muito emocionada.
Todos precisamos aprender a vencer obstáculos, mas, a força de vontade desse jovem e o apoio além de todo o amor que recebia de seus pais e familiares lhe serviram de combustível para atingir seu sonho.