quinta-feira, 22 de abril de 2010

"Você deixaria seu filho pequenininho com uma pessoa cega?"

Recebi a notícia do presidente da ADEVIS, Associação de deficientes visuais, de NH. Como trabalho nesta área, dificilmente me surpreendo com as notícias. Mas esta está me fazendo refletir muito. Será que eu deixaria meu filho, pequeno, com uma pessoa cega? Será que é preconceito da minha parte ? Excesso de zelo?
Bem, segue a notícia abaixo.
A prefeitura de Campo Grande estuda uma forma de remanejar a pedagoga Telma Nantes de Matos, aprovada em concurso para Educação Infantil, mas que teve querecorrer à Justiça para tentar assumir a vaga.
O prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PMBD), garantiu esta manhã durante inauguração da reforma da escola Osvaldo Cruz, que não há preconceito contracandidatos deficientes e disse que a prova disso é que a prova foi aplicada em Braille.
Ao mesmo tempo, ele questionou: "Você deixaria seu filho pequenininho com uma pessoa cega?". Para o prefeito, é incompatível a responsabilidade da professoracom a limitação que possui. "Para o cargo que ela se habilitou sim (é inapta)", disse.
Nelsinho afirmou que por turma são mais de 20 crianças de 0 a 4 anos e que mesmo com uma ajudante a vigilância é complicada.
O prefeito disse que vai tentar aproveitar a professora concursada para outra função, mas adianta que pode haver dificuldades porque foi ela quem fez a opção pelo cargo. "Vou ver no que posso ajudar para acabar logo com essa polêmica", disse, ressaltando a possibilidade de chamar Telma para conversar.

9 comentários:

José Victor disse...

Acho que este caso se resolve não com uma, mas com duas questões: 1)"Você deixaria seu filho pequenininho com uma pessoa cega?" e 2)"você deixaria seu filho sobre a responsabilidade de uma educadora cega?"
Respondendo: 1) Depende. Se a pessoa cega for responsável e ajuizada eu deixo meu filho com ela sim. Porque não? Mas se ela não for responsável e ajuizada eu não deixaria meu filho com ela independente do fato de ela ser cega ou não.
2) Vamos partir do princípio de que a educadora apesar de ser cega é responsável e ajuizada, e que o prefeito não vê problemas em contratar uma ajudante para suprir as necessidades visuais do trabalho desta educadora. Então não vejo problemas exceto na frase do prefeito que diz: "mesmo com uma ajudante a vigilância é complicada". Isto sugere que o problema esteja nas qualidades profissionais da ajudante? Ou que o prefeito não acredita na confiabilidade de um concurso público para selecionar uma educadora?

Andréa Borges disse...

COMO SEGUIR ESTE BLOG??ACHEI ÓTIMO O CONTEÚDO E TB SOU GRADUADA NA FEEVALE E TENHO MTO ORGULHO, QUE BOM QUE TEM PESSOAS COM SEU GABARITO LÁ PESQUISANDO POR ESTAS PESSOAS TÃO ESPECIAIS!PARABÉNS

Melina Wasem disse...

È interessante de pensar nisso. Acredito que, neste caso, a limitação dificulta o seu trabalho, pois cuidar de crianças de o a 4 anos sem enxergar é bem complicado, ao mesmo tempo, a concursada pode surpreender a todos e se sair muito bem, mas igual, sozinha acho que não é possível.

Unknown disse...

É uma questão complexa. Mesmo que ela seja chamada e assuma o cargo, terá que enfrentar os pais dessas crianças, provavelmente contrários à idéia. Por outro lado, as mudanças na educação precisam acontecer. A inclusão escolar deve evoluir de fato. Quem sabe, através da ajuda de uma pessoa que não seja cega, essa professora consiga ultrapassar essa barreira e mostrar sua capacidade? Sem dar essa chance, ninguém jamais saberá.

Cleber Koch disse...

Se eu deixaria meu filho pequeno com uma pessoa cega? No grau de ensino que estou, metade da minha faculdade e 21 anos, NÃO.
Pode parecer preconceito da minha parte, sei lá. Acho que ainda tenho muito o que melhorar/pensar/refletir/me informar quando se trata de assuntos assim.
Quem sabe com o tempo...

Alessandra Arnold Spohn disse...

Acredito que esta questão é muito complicada.
Por mais capacidade pegagogica que esta professora tenha, eu realmente não vejo como ter responsavel por uma turma de educação infantil.
Para uma professora sem dEficiencia ser responsavel por uma turma de 20 alunos na educação infantil já é algo desafiardor, imagine para uma profesora que não poderá ver seus alunos.

Com quatro anos de idade as crianças desejam explorar o mundo. Irão subir em cadeiras e mesas, sairão da sala, pegarão objetos perigosos, e como ela terá o controle de todos.
Já se está professora se candidata-se para turmas mais velhas, eu não veria problemas, pois os alunos mais velhos seriam mais responsaveis por sua propria segurança.

Michela disse...

É complicado, pois as crianças nessa fase são muito ativas,e seria difícil manter um controle do que se passa ao redor.
Seria necessário uma auxiliar juntamente com essa pessoa para que ela conseguisse manter a ordem.

Letícia Land disse...

É uma questão um tanto quanto complicada. No caso de Telma, crianças de 0 à 4 anos dão muito trabalho, e piora o fato serem mais de 20 por turma só com uma ajudante. Mas se ela fez o concurso, ela acredita em seu potencial. Talvez caberia a eles darem uma chance para ver como ela se sairia, talvez com duas ajudantes na sala de aula, facilitaria o trabalho. Caso não funcionasse, outra solução seria ter uma conversa com ela e ver a possibilidade de ocupar outro cargo dentro da escola.

Marieli disse...

Realmente é uma situação complicada, pois ela cega, precisa ainda estar bem preparada para lidar com essas crianças que estão em uma fase de constantes mudanças, uma hora estão felizes, outra tristes, uma hora estão sentadas quietinhas, outra estão a milhão.... Eu acredito que não seria preconceito colocá-la em um outro ambiente ou outra função, mas quem sabe se ela fosse ter ajuda de uma prof que não fosse cega.. eu acho que aí sim seria possível ela cuidar dessas crianças.
Marieli Vogel