segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Dislexia

Nesta semana recebi vários e-mails com dúvidas em relação ao desenvolvimento de um trabalho com alunos disléxicos. Para a maioria delas tive vontade de responder, novamente, “não sei” e “cada caso é um caso”. O fato é que não existe uma receita pronta e não se pode diagnosticar que aluno seja disléxico sem que tenha passado por uma equipe multidisciplinar. Tenho 3 alunos no projeto que além de PCs, também apresentam sintomas de dislexia mas não nos julgamos no direito de afirmar que seja. Bem, a principal característica dos disléxicos é a dificuldade da relação entre a letra e o som. Tenho um aluno que escreve e não consegue ler seu próprio texto.

Algumas coisas que tenho pesquisado em livros e sites especializados:

-tem base neurológica, e que existe uma incidência expressiva de fator genético em suas causas, transmitido por um gene de uma pequena ramificação do cromossomo # 6 que, por ser dominante, torna Dislexia altamente hereditária, o que justifica que se repita nas mesmas famílias;

-é uma específica dificuldade de aprendizado da Linguagem: em Leitura, Soletração, Escrita, em Linguagem Expressiva ou Receptiva, em Razão e Cálculo Matemáticos, como na Linguagem Corporal e Social. Não tem como causa falta de interesse, de motivação, de esforço ou de vontade, como nada tem a ver com acuidade visual ou auditiva como causa primária. Dificuldades no aprendizado da leitura, em diferentes graus, é característica evidenciada em cerca de 80% dos disléxicos.

Formas de Dislexia

Disgrafia é uma inabilidade ou atraso no desenvolvimento da Linguagem Escrita, especialmente da escrita cursiva. Escrever com máquina datilográfica ou com o computador pode ser muito mais fácil para o disléxico. Na escrita manual, as letras podem ser mal grafadas, borradas ou incompletas, com tendência à escrita em letra de forma. Os erros ortográficos, inversões de letras, sílabas e números e a falta ou troca de letras e números ficam caracterizados com muita freqüência.


Discalculia - As dificuldades com a Linguagem Matemática são muito variadas em seus diferentes níveis e complexas em sua origem. Podem evidenciar-se já no aprendizado aritmético básico como, mais tarde, na elaboração do pensamento matemático mais avançado. Embora essas dificuldades possam manifestar-se sem nenhuma inabilidade em leitura, há outras que são decorrentes do processamento lógico-matemático da linguagem lida ou ouvida.

Déficit de Atenção - É a dificuldade de concentrar e de manter concentrada a atenção em objetivo central, para discriminar, compreender e assimilar o foco central de um estímulo. Esse estado de concentração é fundamental para que, através do discernimento e da elaboração do ensino, possa completar-se a fixação do aprendizado. A Deficiência de Atenção pode manifestar-se isoladamente ou associada a uma Linguagem Corporal que caracteriza a Hiperatividade ou, opostamente, a Hipoatividade...


Hiperatividade - Refere-se à atividade psicomotora excessiva, com padrões diferenciais de sintomas: o jovem ou a criança hiperativa com comportamento impulsivo é aquela que fala sem parar e nunca espera por nada; não consegue esperar por sua vez, interrompendo e atropelando tudo e todos. Porque age sem pensar e sem medir conseqüências, está sempre envolvida em pequenos acidentes, com escoriações, hematomas, cortes. Um segundo tipo de hiperatividade tem como característica mais pronunciada, sintomas de dificuldades de foco de atenção. É uma superestimulação nervosa que leva esse jovem ou essa criança a passar de um estímulo a outro, não conseguindo focar a atenção em um único tópico.

Hipoatividade - A Hipoatividade se caracteriza por um nível baixo de atividade psicomotora, com reação lenta a qualquer estímulo. Trata-se daquela criança chamada "boazinha", que parece estar, sempre, no "mundo da lua", "sonhando acordada". Comumente o hipoativo tem memória pobre e comportamento vago, pouca interação social e quase não se envolve com seus colegas...

Somente um diagnóstico multidisciplinar pode identificar com precisão o que está ocorrendo. Os distúrbios de leitura e escrita são os fatores de maior incidência em sala de aula, mas nem todos têm uma causa comum. Embora a dislexia seja o maior índice, outros fatores também podem causar os mesmos sintomas; distúrbios psicológicos, neurológicos, oftalmológicos, etc. Uma equipe multidisciplinar analisa o indivíduo como um todo, verificando todas as possibilidades. Não se parte da dislexia, mas se chega à dislexia, excluindo qualquer outra possibilidade.

Fonte: Livro Transtornos da Aprendizagem - Abordagem neurobiológica e multidisciplinar Newra Rotta, Lygia Ohlweiler e Rudimar Riesgo

http://www.dislexia.com.br/

Um comentário:

Verônica Carvalho disse...

Oi REgina!
Também estou no grupo blogs esducativos e vi teu convite a visitar este espaçp.
Quero dizer que adorei conhecer e sempre passarei por aqui!
Sou Coordenadora Pedagógica em uma escola em Sta Maria que tem em torno de 1200 alunos, destes, cerca de 120 são alunos com necessidades especiais. Temos inclusão em todas as séries da Ed. Básica, desde a pré escola até o 3º ano de Ensino Médio e estamos encontrando grande dificuldade em trabalhar com alguns casos pois, a grande maioria dos prof, não tem preparo para este trabalho. Porém estamos sempre buscando formação e conhecimento para nossa equipe.
Um grande abraço e obrigada pelas tuas contribuições atraves deste blog.
Verônica