sexta-feira, 30 de maio de 2008

Resiliência



Há muito tempo trabalhando com crianças PC’s várias vezes escutei das mães que achavam que as pessoas tinham nojo de seus filhos. Fiquei chocada mas observei, principalmente em relação a algumas professoras e escolas que isso realmente ocorria. Ao conversar com um amigo médico e professor de uma ótima escola de medicina do RS, este contou-me que às vezes alguns de seus alunos também não gostavam de atender pacientes PC’s tendo verdadeira aversão.

Eu só acreditei por ter sido dito por ele, que é uma pessoa na qual confio muito.

Onde é que está humanidade?

Ter um filho com Paralisia Cerebral pode acontecer a qualquer um, independente de classe social, embora os índices apontem para as camadas sociais mais baixas, tem ocorrido muitos casos com a classe média e alta também.

Em relação às escolas o principal problema é mostrar para os educadores que o aluno com PC não apresenta necessariamente um déficit cognitivo. Quando pergunto porque a presença de uma criança PC, em suas classes, os incomoda tanto fica sempre um silêncio constrangedor no ar.

O fato é que com o advento das novas tecnologias, o número de crianças com necessidades especiais tende a crescer. Hoje bebês com 5 meses sobrevivem e não se sabe quais as seqüelas que esta criança poderá ter.

A necessidade de educação p/ a inclusão é urgente em todos as classes e níveis de profissionais.

Uma mãe ao solicitar vaga para seu filho numa escola particular, ouviu da diretora que não poderia aceitar seu filho PC, porque a escola não estava preparada para atendê-lo.

A mãe com muita sabedoria respondeu que também não estava preparada para ter um filho PC, mas que havia aprendido a lidar com ele e que como qualquer outra criança ele precisava estudar...

Esta mãe poderia ser objeto de um estudo que alguns cientistas tem desenvolvido sobre resiliência. Segundo a Prof Drª Sandra Maia Farias Vasconcelos, a resiliência é um termo oriundo da física. Trata-se da capacidade dos materiais de resistirem aos choques. Esse termo passou por um deslizamento em direção às ciências humanas e hoje representa a capacidade de um ser humano de sobreviver a um trauma, a resistência do individuo face às adversidades, não somente guiada por uma resistência física, mas pela visão positiva de reconstruir sua vida, a despeito de um entorno negativo, do estresse, das contrições sociais, que influenciam negativamente para seu retorno à vida. Assim, um dos fatores de resiliência é a capacidade do individuo de garantir sua integridade, mesmo nos momentos mais críticos.

Então, que sejamos resilientes com a educação e a com as pessoas porque não é fácil lidar com um tema como a inclusão num país como o nosso.

4 comentários:

david santos disse...

Olá, Regina!
Este é um dos textos que todo mundo devia ler.
Nota-se bem aqui, que as classes mais endinheiradas, o contrário de evoluídas, são as que mais nojo mete à humanidade. São escroques, armados em monstros viventes do Planeta.
Os pobres são tão puros ou mais, do que as pessoas oriundas das ditas classes "médias e altas" que não têm qualidade humana nem profissional.
Pois, para mim, os pobres têm toda a dignidade existente no Planeta. Essas classes que já referi são podres de espírito. Culturalmente, são do mais ignorante e materialista que há. Aliás, eles até confundem materialismo com cultura e formação. Pois os pobres, só a sua experiência de vida, lhes dá uma cultura muito para além da média. Só por isso, são muito mais cultos e formados dos que são oriundos das ditas classes. (Eu não sou pobre, nota!)
Eu teria muito mais para dizer, não só dos pobres mas, sobretudo, dessas classes podres. Porém, não te quero estar a encher o blogue com um comentário.
Parabéns pelo post.

David Santos

Regina de O. Heidrich disse...

David

Não é uma questão de dinheiro, pois as atitudes negativas são vistas em todas as classes sociais. Vejo que é muito mais uma questão de humanidade, ou melhor a falta de humanidade. A falta de respeito e ética pelo diferente...

Robertorpc disse...

Muito interessante este texto , acredito que ele mostra a essência do amor desta mãe , este sentimento faz brotar a resiliência que é resultado do amor pelo filho ...ensinando que a superação pode ser resultado da perseverança .Quero deixar aqui registrado que este texto pode e deve ser divulgado pois tem uma sabedoria um tanto essencial.
Grato
Roberto Pedro Cavalcante
Campo Grande /MS

Unknown disse...

bom dia!
Acabo de ler sobre seu artigo !Muito interessante!
Sou psicopedagoga e pós-graduada em deficiência mental.Também trabalho com alunos especiais e esse despreparo dos profissionais em relação aos tipos de defdiciências ,infelizmente ainda é bem acentuado.
Muitos não acreditam no potencial dessas pessoas e já criam uma previsão de suas limitações mesmo antes de trabalhar com os mesmos e conhecer seu potencial.
A sociedade,de modo geral,e, principalmente as escolas e seus envolvidos, necessitam de uma reciclagem urgente.
Estas´pessoas estão aí para terem seus direitos respeitados,pois são cidadãos como nós!
Está na constituição e em vários artigos, é só as pessoas se informarem melhor e os familiares se instruírem melhor também,que as leis passariam a ser cumpridas!
"Educação é direito de TODOS",NÃO IMPORTA QUEM SEJA!
Parabéns pela iniciativa,levantando esta questão tão polêmica!